Morre aos 84 anos o humorista e escritor Jô Soares; velório será restrito
Jô estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo; causa da morte ainda não foi divulgada
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Jô Soares em retrato tirado no dia 16 de setembro de 1971. Naquele ano, Jô estreou na TV Globo, após passagem pela Record, no programa humorístico "Faça Humor, Não Faça Guerra". • LUCRÉCIO JR./ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Jô Soares em retrato tirado no dia 31 de agosto de 1972. Nessa época, o humorista participava do programa da TV Globo "Faça Humor, Não Faça Guerra", que ia ao ar semanalmente após a novela das oito. O nome brincava com a popular mensagem hippie "Faça Amor, Não Faça Guerra", muito utilizada na época por conta da Guerra do Vietnã. • OSVALDO LUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Os humoristas Jô Soares e Chico Anysio, durante entrevista em São Paulo, em 5 de maio de 1985. • GERALDO GUIMARÃES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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O apresentador Jô Soares (esq.), ao lado de João Lara Mesquita, em 21 de setembro de 1988, durante a gravação de seu programa nos estúdios da Rádio Eldorado, na região central de São Paulo. • LENA VETTORAZZO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Em 1987, vence o contrato de Jô Soares com a TV Globo, e o humorista decide não renová-lo. No ano seguinte, mudou-se para o SBT, onde estreou seu programa de entrevistas "Jô Soares Onze e Meia". Na foto, tirada em 15 de novembro de 1990, ele entrevistava a ministra da Fazenda e mentora intelectual do Plano Collor, Zélia Cardoso. • EDU GARCIA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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O então candidato a presidente da República, Fernando Henrique Cardoso durante a gravação do programa "Jô Soares Onze e Meia", no SBT, em São Paulo, em 22 de agosto de 1994. • DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Jô Soares durante gravação do "Jô Soares, Onze e Meia", em 15 de março de 1997. O talk show foi exibido no SBT entre agosto de 1988 e dezembro de 1999. Ao todo, foram 6.927 entrevistas feitas, incluindo momentos marcantes, como a última entrevista do cantor Raul Seixas a uma TV aberta, ou a revelação da banda Mamonas Assassinas em 1995, além das entrevistas com os principais personagens do impeachment do presidente Fernando Collor. • EPITÁCIO PESSOA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Apresentador Jô Soares em entrevista coletiva, em 3 de abril de 2000, sobre o novo programa que teria na Rede Globo. Naquele ano, o humorista e escritor retornou à emissora, mas não abandonou o formato de programa de entrevistas. Ele estreou o talk show "Programa do Jô", que se tornaria um marco da televisão brasileira. • VIDAL CAVALCANTE/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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O primeiro "Programa do Jô", apresentado por Jô Soares nos estúdios Rede Globo de São Paulo, em abril de 2000. Ao fundo, quatro integrantes do sexteto que acompanhava o apresentador: (esq./dir.) Tomati, Chico Oliveira, Derico e Bira. • VIDAL CAVALCANTE/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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O apresentador Jô Soares entrevista o então presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em 21 de junho de 2002. • PAULO LIEBERT/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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O humorista, ator, escritor e apresentador de TV Jô Soares posa para foto, em 28 de abril de 2005, após entrevista sobre o lançamento de seu livro "Assassinato na Academia Brasileira de Letras". Como escritor, Jô produziu roteiros, livros e peças de teatros. Entre seus livros mais famosos estão o romance "O Xangô de Baker Street", de 1995, e a comédia "O Homem que Matou Getúlio Vargas", de 1998. • ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Jô Soares em entrevista com o então jogador do Corinthians, Ronaldo, no Programa do Jô, em 10 de novembro de 2009. • ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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O cineasta Francis Ford Copolla durante entrevista no programa do Jô Soares, em 1º de dezembro de 2010. • AE
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Retrato do apresentador Jô Soares durante entrevista, no dia 13 de novembro de 2013, ao jornal O Estado de S. Paulo, onde falou sobre os 25 anos de seu programa de entrevistas, divididos entre SBT e TV Globo. • EPITÁCIO PESSOA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Jô Soares em seu apartamento em São Paulo, em 22 de novembro de 2017. O "Programa do Jô" foi ao ar na TV Globo entre abril de 2000 e dezembro de 2016. No total, foram realizadas 14.426 entrevistas, incluindo nomes importantes como a cantora Shakira, o diretor Francis Ford Coppola e a víuva de Elvis Presley, Priscilla Presley. O último episódio teve o cartunista Ziraldo como entrevistado. • TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
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Retrato de Jô Soares, durante entrevista, em 22 de novembro de 2017, em seu apartamento em Higienópolis, na região central de São Paulo, sobre seu livro novo, "O Livro de Jô". • TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Morreu na madrugada desta sexta-feira (5), aos 84 anos, o escritor e humorista Jô Soares. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o final do mês passado, em São Paulo, segundo sua assessoria.
O enterro e velório de Jô serão reservados à família e amigos. Por conta da morte, foi decretado luto oficial por três dias na capital paulista.
O corpo do apresentador foi levado do hospital por volta de 10h45, e encaminhado para a cerimônia de despedida restrita.
O Sírio Libanês também informou que a causa da morte não será divulgada a pedido da família, que solicitou discrição, a pedido do próprio Jô.
“O paciente Jô Soares faleceu na data de hoje, 05 de agosto, às 2h20, no Sírio-Libanês. em São Paulo. Ele estava internado desde o dia 28 de julho no hospital, onde era acompanhado pelas equipes do corpo clínico da instituição”, escreveu a assessoria do humorista, em conjunto com o hospital.
Pelo Instagram, a ex-mulher de Jô, Flávia Pedras, foi uma das primeiras a se pronunciar sobre a morte. “Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados”, escreveu.
“Aqueles que através dos seus mais de 60 anos de carreira tenham se divertido com seus personagens, repetido seus bordões, sorrido com a inteligência afiada desse vocacionado comediante, celebrem, façam um brinde à sua vida”, disse Flávia.
https://www.instagram.com/p/Cg3eOtuO8bO/
Por conta da morte de Jô, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), decretou luto oficial de três dias na capital paulista.
“Perdemos todos, nós brasileiros, um dos mais talentosos artistas do Brasil. Jô Soares encantou gerações no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Além disso, projetou positivamente o nome do Brasil no cenário internacional com a sua notável inteligência, cultura e o seu humor sofisticado”, escreveu o prefeito, em nota.
“Fará muita falta, é inegável, mas a sua obra permanecerá e continuará inspirando os artistas que virão. Em nome da cidade de São Paulo, meus sinceros sentimentos e minha solidariedade à família, parentes e amigos”, acrescentou Nunes.
“Nasceu querendo seduzir o mundo”
Em nota, a Rede Globo destacou que “o humor na ponta da língua, a inteligência aguçada, o raciocínio rápido e o amor pela arte” eram marcas registradas de Jô Soares.
” Chorava pelas coisas boas, nunca pela tristeza. Vaidoso, chegou a dizer que ‘já nasceu querendo seduzir o mundo’. E assim o fez, em mais de 60 anos de carreira, com personagens históricos na TV brasileira, mais de 200 personagens e 14.000 entrevistas”, acrescentou a emissora.
Nas redes sociais, amigos e fãs lamentaram.
Em entrevista à CNN, Derico Sciotti, que era saxofonista no sexteto que acompanhava Jô, disse que “perdeu outro pai”.
Políticos e outras autoridades também se pronunciaram homenageando o apresentador. Alguns presidenciáveis publicaram em suas redes manifestações pela morte de Jô.
“O Brasil perdeu hoje um artista único, um comediante que amava seu ofício acima de tudo, um ator fora de série. Um entrevistador brilhante. Um cidadão que amava seu país e seus amigos. Jô Soares, obrigada por tanto!”, escreveu Zélia Duncan.
Em um post nas redes sociais, Adriane Galisteu agradeceu Jô, de quem era vizinha, por “tantas risadas, tantes conversas e todos os ensinamentos”.
“Meu Deus o mundo sem você… Meu amado amigo, diretor, conselheiro, vizinho que tristeza. Você sempre foi cercado de amor e sempre será assim! Vou seguir te aplaudindo e através de suas obras aprendendo com vc! Obrigada por tantas risadas, tantas conversas por todos os ensinamentos”, escreveu Galisteu.
Biografia
Filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938 no Rio de Janeiro. Aos 12 anos, mudou-se com a família para a Europa, onde pensou em seguir a carreira diplomática, mas seu amor pela arte falou mais alto.
Com carreira extensa, foi humorista, apresentador de televisão, escritor, diretor e ator. Seu primeiro papel foi em “O Homem do Sputnik”, filme de Carlos manga de 1958.
Três anos mais tarde, começou a trabalhar na TV Record, onde atuou em programas como “La Reuve Chic”, “Jô Show” e “A Família Trapo”, além de escrever o “Simonetti Show”.
Em 1970, foi para a TV Globo estrelar o “Faça Humor, Não Faça a Guerra”, programa substituído pelo Satiricom em 1973. Três anos depois, como ator e redator, participou de “Planeta dos Homens” até 1981, quando começou a se dedicar ao próprio programa, “Viva o Gordo”.
Neste, viveu diversos personagens marcantes, como Reizinho, Capitão Gay e Zé da Galera. Jô trocou a Globo pelo SBT em 1987 para realizar um de seus maiores desejos: apresentar um programa de entrevistas.
O “Jô Soares Onze e Meia” foi ao ar entre 1988 e 1999, com mais de seis mil entrevistas com grandes personalidades brasileiras e internacionais. Em 2000, o humorista retornou à Globo para o icônico “Programa do Jô”, encerrado em 2016.